Aços Inoxidáveis e a Corrosão

Os metais se encontram na natureza combinados com outros elementos, na forma de óxidos e sais (minérios) Isto é consequência de reações espontâneas que acontecem entre diferentes elementos e o meio-ambiente. São reações que sempre acontecem com liberação de energia e transformações. Esse processo natural, de degradação dos metais em seu meio-ambiente é conhecido como corrosão. O homem, ao transformar minérios em metais, percorre o caminho contrário ao da corrosão. Marchar contra o sentido natural tem um custo elevado, e todo este trabalho é permanentemente ameaçado pela corrosão, que transformará novamente, com o tempo, estes metais, tão dificilmente conseguidos, em minérios. É natural então que o homem, além de fabricar estes metais, estude todas as formas possíveis de preservá-los. Um dos metais criados pelo homem é o aço inoxidável. Uma das formas de preservá-lo é com um tratamento de superfície adequado, para a formação de uma camada passiva resistente e uniforme. Quando isto não acontece, o que pode ser motivado por uma série de razões, o aço inoxidável estará sujeito a corrosão dos tipos: 

CORROSÃO UNIFORME Caracteriza-se por um ataque uniforme em toda a superfície do material. A corrosão uniforme não é das piores formas de corrosão, pode ser controlado e ensaios permitem calcular a perda de massa por unidade de área e tempo ou a penetração do ataque. Por ser uma forma de corrosão controlável, a corrosão uniforme é, às vezes, utilizada beneficamente. É o caso da Decapagem. 

CORROSÃO POR FRESTAS È uma forma de corrosão localizada que acontece nas regiões com frestas ou fechadas, nas quais o meio corrosivo pode entrar e permanecer em condições estagnadas. A fresta pode ser provocada por um detalhe de projeto, uma falha na execução da soldagem, um depósito na superfície do material (ancoramento de sujeira, produtos contaminantes e incrustações diversas).De um modo geral os meios que contém cloretos são particularmente perigosos na corrosão por frestas nos aços inoxidáveis. 

CORROSÃO POR PITES É semelhante à corrosão por frestas, mas com diferença de não ser necessária uma fresta para que a corrosão aconteça. Ânions cloreto, hipocloreto e brometo provocam esta forma de corrosão. Os cloretos especialmente são os responsáveis pela maior parte dos casos de corrosão por pites, tendo uma especial facilidade para quebrar a película passiva e iniciar um processo de corrosão. A forma do pite é a de um buraco, normalmente com profundidade maior que o diâmetro. O crescimento do pite é quase sempre no sentido da gravidade, motivo pelo qual as superfícies horizontais são as mais atacadas. 

CORROSÃO INTERGRANULAR Acontece nas regiões sensitizadas do aço inoxidável e os maiores problemas de sensitização estão relacionados a soldagem. Quando aquecidos entre 450 e 850º, os aços inoxidáveis austeníticos sensitizam. Cromo e Carbono se combinam nessa faixa de temperatura para precipitar nos contornos de grão como carbonetos de cromo. Esta precipitação é conhecida como sensitização. As regiões sensitizadas são também mais sensíveis a outras formas de corrosão, como a por pites e sob tensão. O empobrecimento de Cr impossibilita a formação da camada passiva. 

CORROSÃO SOB TENSÃO É uma forma de corrosão que se manifesta na forma de trincas. Os aços inoxidáveis austeníticos são sensíveis a esta forma de corrosão. Para que aconteça, três fatores devem estar presentes: Uma tensão aplicada ou residual do processo de fabricação, a tensão deve ser de tração. Um meio agressivo capaz de provocar esta forma e corrosão, ions halogenato, principalmente ions de cloreto, e, em certas condições, hidróxido de sódio e ânions de sulfeto. 

CORROSÃO MICROBIOLÓGICA Há diversas formas de corrosão microbiológica. Nos aços inoxidáveis em particular, tem importância a corrosão provocada por bactérias sulfato redutoras. São bactérias anaeróbicas (microorganismos que vivem em ambientes destituids de oxigênio do ar, utilizando o oxigênio existete em combinação na matéria orgânica) que desenvolvem sua atividade embaixo de incrustrações ou depósitos que se formam sobre a superfície dos equipamentos. Devido a deficiência de oxigênio na fresta gerada entre o depósito e a supefície do aço inoxidável, a camada passiva não se renova. O metabolismo destas bactérias produz as condições necessárias paara surgir a corrosão por pites. No Brasil os casos encontrados de corrosão microbiológica foram encontrados nas indústrias do Álcool e da celulose.